Protesto pela ameaça de apuração paralela

13/9

 Faltam 19 dias para 2/10 e são 129 dias de reflexão. Hoje o tema seria “violência” colocado como uma das 5 prioridades para análise dos compromissos assumidos pelos candidatos. Mas um acontecimento hoje me leva a novamente optar pelo protesto. Ontem fomos surpreendidos com a notícia de que as forças armadas iriam “fazer apuração paralela” dos votos nas próximas eleições, fazendo uma apuração, ao mesmo tempo que o TSE, em 385 urnas.

 

O que está acontecendo? As ameaças que suscitaram cartas de defesa da democracia agora viram pesadelo para todos nós? Observadores internacionais das eleições reagiram com preocupação à notícia, dizendo que nenhuma lei brasileira autoriza esse tipo de medida. Maierovitch, pela Uol, também se disse muito preocupado com a possibilidade e alertou que a eleição estará viciada caso os dados dos militares e do TSE apresentem divergência. E como o chefe dos militares é um dos candidatos, ele indaga de forma muito correta quem fiscalizará “os fiscais” para que evitar ação auto interessada de proteção ao chefe superior. 

 

Tivemos somente algumas horas de alívio, com o presidente do TSE afirmando que isso não aconteceria, que os militares não teriam tratamento diferenciado em relação às demais instituições fiscalizadoras. Agora no final do dia, surge a notícia de que o TSE cedeu à pressão das forças armadas para usar a biometria em teste de urnas no dia das eleições. Algo que já havia sido negado pelo Ministro Fachin. A Folha afirma: “Para usar a biometria, o teste terá de ser feito nas seções eleitorais. Já na auditoria tradicional, sem a biometria, a análise é realizada em locais controlados e indicados pelos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais)”. No mínimo, podemos estar de frente a algo imprudente: colocar em prática na eleição, algo que não estava planejado, que nunca foi feito antes, e que decorre de clima de acirramento de desconfiança no país e ameaça ao Estado democrático de direito.

 Acho que os fatos indicam um jogo muito perigoso. STF apresenta uma narrativa que se contrapôs às forças armadas, sem ter como inviabilizar de fato a possibilidade da apuração paralela; por outro lado, cede no uso de biometria em teste de urnas no dia da eleição. Tem algo que não fecha nessa conta e preocupa!! Precisamos de novas cartas?

 

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/09/tse-nega-acordo-e-gera-mal-estar-com-defesa-militares-mantem-apuracao-paralela.shtml

  

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/09/tse-cede-as-forcas-armadas-e-aprova-uso-de-biometria-em-teste-de-urnas-no-dia-da-eleicao.shtml

 

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